back to top
Quinta-feira, Novembro 13, 2025

Novidades

Notícias Relacionadas

Imposto sobre os ricos deixou de ser radical para ser racional

Imposto sobre os ricos deixou de ser radical para ser racionalTaxar os mais ricos para equilibrar o sistema de contribuições na sociedade francesa é o assunto do dia nestes tempos de difícil equilíbrio com os governos de Macron em reformulação permanente. Mas a possibilidade de aumentar os impostos aos mais ricos poderá ser a chave para um novo consenso no parlamento francês.

Trata-se do imposto Zucman que é hoje de novo debatido na Comissão Independente para a Reforma da Tributação Corporativa Internacional (ICRICT).
  • Na foto, os economistas Joseph Stiglitz (à esquerda) e Gabriel Zucman em Paris, no dia de outubro de 2025, durante um debate sobre a tributação das maiores fortunas. 

Trata-se do imposto Zucman debatido esta semana de novo na Comissão Independente para a Reforma da Tributação Corporativa Internacional (ICRICT). Esta Comissão apoia a introdução na França de um imposto mínimo sobre riqueza extrema, o chamado “imposto Zucman”.

Isto acontece depois de na última década, a concentração de riqueza extrema se ter acelerado a um ritmo frenético. Num mundo abalado por crises financeiras e sanitárias, os mais ricos tornaram-se ainda mais ricos, enquanto os recursos públicos diminuíram e o padrão de vida da maioria da população estagnou.

                                                                                        Concentração da riqueza no mundo

A concentração da riqueza global está em alta, com os 1% mais ricos acumulando fortunas que poderiam erradicar a pobreza por décadas. Em 2024, surgiram 204 novos bilionários, intensificando ainda mais essa desigualdade.

Panorama atual da concentração de riqueza

Segundo o Relatório Oxfam 2025, a desigualdade económica global atingiu novos patamares alarmantes:

  • 204 novos bilionários surgiram em 2024, elevando o total para mais de 2.900 pessoas.
  • Esses bilionários enriqueceram, em média, US$ 2 milhões por dia, enquanto os dez mais ricos acumularam cerca de US$ 100 milhões por dia.
  • Desde 2015, os 1% mais ricos do mundo aumentaram a sua riqueza em US$ 33,9 mil milhões, o suficiente para erradicar a pobreza global por 22 anos.

Impactos sociais e políticos

O relatório da Oxfam, intitulado “Às Custas de Quem?”, destaca como essa concentração extrema de riqueza está ligada a:

  • Poder corporativo e influência política, especialmente em fóruns como o Fórum Económico Mundial de Davos, onde muitos dos responsáveis por essa desigualdade se reúnem.
  • Desigualdade entre países e dentro deles, agravada por crises como a pandemia e pelas mudanças climáticas.
  • A perpetuação de sistemas tributários e políticas públicas que favorecem os mais ricos em detrimento dos mais pobres.
Na Europa, os 10% mais ricos detêm cerca de 57,4% da riqueza líquida das famílias, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 5%.
Na Europa, os 10% mais ricos detêm cerca de 57,4% da riqueza líquida das famílias, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 5%.

Concentração da Riqueza na Europa

Na Europa, os 10% mais ricos detêm cerca de 57,4% da riqueza líquida das famílias, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 5%. Essa disparidade revela uma concentração extrema e crescente da riqueza no continente.

Distribuição desigual da riqueza na zona euro

Segundo dados recentes do Banco Central Europeu:

  • 10% das famílias mais ricas concentram 57,4% da riqueza líquida total.
  • 5% mais ricos detêm 44,5% da riqueza, o que representa quase metade da riqueza familiar da zona euro.
  • Em contraste, 50% das famílias mais pobres possuem apenas 5% da riqueza líquida, evidenciando uma profunda desigualdade estrutural.

Variações entre países europeus

A desigualdade não é homogénea:

  • Países como Alemanha e Áustria apresentam níveis mais altos de concentração, com forte presença de grandes patrimónios familiares e ativos financeiros.
  • Já Portugal, segundo o sociólogo Frederico Cantante, apresenta um perfil intermédio, com crescimento recente na base de milionários — cerca de 175 mil pessoas com mais de US$ 1 milhão em património líquido.
    • A concentração de riqueza está ligada à exclusão socialinstabilidade política e dificuldade de acesso a oportunidades.
    • Economistas alertam que metade dos ativos financeiros europeus está a escapar para fora da União Europeia, o que compromete a integração e o crescimento interno.O aumento da atratividade de programas como o Golden Visa também contribui para a entrada de capital estrangeiro e a valorização de ativos imobiliários, reforçando a concentração de riqueza.
    • A Europa, berço de modelos sociais inclusivos, enfrenta hoje o desafio de conciliar crescimento económico com justiça distributiva. A concentração da riqueza não é apenas um dado estatístico — é um reflexo das escolhas políticas, fiscais e sociais que moldam o futuro do continente. Em tempos de transição ecológica e digital, repensar a equidade na distribuição de recursos torna-se urgente para preservar a coesão europeia.

O que está a acontecer em França com o debate sobre a proposta do Imposto Zucman deve ser acompanhado com atenção, sobretudo em Portugal onde as opções francesas são normalmente tidas em conta pouco tempo depois. Mas mais que o imposto sobre os ricos parece que a sociedade começa a exigir um contrato social renovado. Voltaremos a este assunto dentro de dias.

Em França o imposto sobre os ricos deixou de ser radical para ser racional. Como vai ser no nosso país?

PS – Cartoon principal henricartoon

»»»

Atigos Populares