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Terça-feira, Abril 22, 2025

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A Capela de Balsamão

A Capela de Balsamão pode ser vista na região de Lamego e foi ali erguida entre os séculos VII e VIII. Fica a 4 km para leste, nos vales do rio Balsemão.

É considerada a mais antiga igreja do país; com efeito, apesar de muito modificada, conserva o santuário do século VII, de origens visigóticas.

INTERIOR DA CAPELA DE BALSAMÃO

Da época da Reconquista, é um dos raros exemplares que restam da arquitectura religiosa da Alta Idade Média, como a de S. Frutuoso, em Braga (século VII), e a de S. Pedro de Lourosa, em Oliveira do Hospital (século X).

A Capela de Balsamão

A estrutura primitiva da igreja ficou preservada na entrada da capela-mor, onde se salienta o emprego de pedras de grande dimensão, colocadas no alto do remate dos pés direitos dos muros.

O arco ultrapassado com moldura no intradorso referencia a arquitectura moçárabe. A decoração de base geométrica e abundante tem origens suevo-visigóticas.

Outros temas helicoidais, rosetas, cruciformes, círculos, meandros, ornatos em dente de lobo e em corda, completam a decoração; esta profusão de ornamentos tem inspiração asturiana.

Sabe-se disso pelas afinidades com as existentes na igreja moçárabe de São Pedro de Lourosa, cuja construção data de 912.

Remodelação em 1643

No ano de 1643 a igreja passou por uma profunda remodelação, tendo os morgados da região, Luís Pinto de Sousa Coutinho e sua mulher, procedido à reedificação do templo e à sua integração no solar dos viscondes de Balsemão.

Era de bom-tom ter uma capela agregada à propriedade da família. Data desse período barroco o actual aspecto exterior, marcado pela sobriedade: dois volumes escalonados, com telhados diferentes. O acesso ao templo faz-se por portas laterais numa ampla escadaria. Sobre a porta, na fachada norte, destacam-se três pedras de armas dos morgados e sobre o telhado ergue-se uma singela sineira.

No interior do templo, há ainda várias epígrafes funerárias romanas. O término augustal do imperador Cláudio, data-se do ano 43. Estes elementos e muitas outras peças evidenciam a reutilização de materiais, bem como a preocupação dos romanos em conservar e mostrar seus elementos tão prestigiantes.

No século XIV, D. Afonso Pires, então bispo do Porto, escolheu o templo para a sua futura sepultura. No extremo de uma nave lateral foi posto o seu túmulo em granito lavrado, decorado com três cenas da vida de Cristo: a Ceia, na face esquerda; o Salvador abençoando a Virgem coroada, na testeira; e o Calvário, na face direita.

O bispo mandou erguer ainda uma capela ou altar em honra de Santa Maria. Posteriormente, no século XV, foi colocada uma imagem em pedra de Ança de Nossa Senhora do Ó, a Virgem Grávida, que ainda lá se encontra.

A Igreja de São Pedro de Balsemão está classificada como monumento nacional pelo Decreto no 7.586, DG, 138, de 8 de Julho de 1921, e a sua gestão está a cargo da Direcção Regional do Porto (DGP) do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).

Por Manuel Beninger

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