“O DESCANSO DAS TRAINEIRAS” (Defeso)
No cais, ancoradas
ou na praia, encalhadas,
as traineiras repousam calmas e serenas
das mil e uma jornadas
árduas e plenas
da época da pesca.
A brisa que as refresca
vem dos lados do mar,
que agora as observa sem as chamar.
As redes, adormecidas,
de sal embebidas,
revelam histórias vividas
em lutas com o mar
em época de pescar.
O peixe descansa
ou maneia-se numa dança
com as águas profundas.
O vento passeia-se à volta dos mastros
ou acaricia os lastros, agora mais leves,
em águas menos fundas.
As gaivotas conversam e algumas dormem.
Elas sabem, que agora só comem
se forem pescar,
pois no defeso,
os barcos encalham, e não vão ao mar.
Os homens, em terra,
são um grupo coeso.
Limpam e reparam a sua traineira
para voltar para o mar após o defeso
ou juntos, na ribeira,
ou num dos seus Cafés,
observam o mar e as suas marés
O defeso é pausa e sabem esperar,
olhando o horizonte calmos e serenos
e quando for hora de voltar ao mar
a alegria brilha nos seus rostos morenos.
Por Helena Marcao
Foto de Francisco Germano Vieira