Numa das praças do centro Histórico e do centro do poder publico de Miranda do Douro, o Largo D. João III, mesmo em frente ao edifício da Câmara Municipal de Miranda do Douro, somos arrebatados por um conjunto estatuário em bronze que surpreende pela pose natural e pela iconografia da linguagem estética.
Obra do escultor José António Nobre, foi inaugurada em 2006 em Homenagem aos Mirandeses e às gentes do campo das Terras Frias de Miranda.
Os largos são muitas vezes locais de encontro e confraternização e é neste enquadramento cénico que encontramos as duas figuras, em tamanho maior do que o natural, que compõem esta significante narrativa iconográfica que preserva a memória e transmite a História da região.
A figura feminina
A figura feminina representa a mulher mirandesa do campo, envergando o traje tradicional composto pelo lenço atado no cimo da cabeça e o mandil (ou xaile) aos ombros e transportando os alforges, sendo que numa das bolsas podemos vislumbrar os típicos bardeiros (as vassouras feitas em milho, comuns na região).
A figura masculina
Na figura masculina sobressai a Capa de Honras Mirandesa, peça de artesanato tradicional do planalto Mirandês, usada pelos pastores durante o Inverno e confeccionada com burel (tecido grosseiro de lã de ovelha bordaleira).
O rigor iconográfico na representação estatuária permite-nos contemplar a enorme beleza desta peça do traje popular: as franjas que rematam o cabeção e a honra, a barra debruada na pala do capuz e as aplicações de ornamentos de burel finamente recortados.
Reforçando o valor documental da metáfora visual presente na narrativa iconográfica e na linguagem estética desta bela obra de estatuária urbana em homenagem aos Mirandeses, encontramos também elementos verbais iconizados numa placa com o rico património inscricional referente à Língua Mirandesa: um poema e as informações sobre a inauguração e a identificação do escultor e da Fundição.
São os factores contextuais deste monumento estatuário que relacionam as dimensões material e imaterial do património local e que tornam esta obra um documento do património cultural.
É na dimensão semiótica do significado da metáfora visual desta obra de estatuária Homenagem aos Mirandeses que reconhecemos aspectos do património cultural material e imaterial das Terras de Miranda e que tornam esta obra um documento e um valor civilizacional.
(Texto publicado em Janeiro 17, 2020 por Paula Gil.)
Como chegar a Miranda para ver estas imagens:
(41°29’39.09″N 06°16’26.80″W) Largo Dom João III – Miranda do Douro – Bragança – Trás-os-Montes – Região Norte – Portugal
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Por ©Daniel Jorge https://www.facebook.com/fotos.djtc