É curioso o nome do curso de água (rio Vale de Moinhos), que nos deixa adivinhar que pelas suas margens outrora existiriam muitas “rodas de Moer”.
Pelo menos sabemos que existiriam sete moinhos de rodizio, a fazer fé na curiosa referência nas Memórias Paroquiais em1758, do cura Pascoal Alvarez da Cunha:
“pelo meio da freguesia passava uma ribeira, correndo suavemente de Norte para Sul., tendo dentro da vila uma ponte com cinco arcos de pedra e cal, por onde se comunicavam os moradores dela e todos os mais, que passavam de umas terras para outras; as águas do rio eram utilizadas pelos habitadores para fazerem farinha em sete rodas de moinhos.”
Tradicionalmente por todo o território transmontano o mais comum eram os moinhos de rodízio de pequena construção com uma só mó de roda horizontal, que se sabe terem sido introduzidos em diferentes versões, não completamente discerníveis, pelos Romanos e pelos Árabes.
Proliferam em todas as áreas montanhosas sulcadas por linhas de água de regime torrencial, podendo adiantar-se que, ainda em 1965, só nas Beiras, Alto Douro e Trás-os-Montes se registavam oito mil.
O que é um moinho de roda horizontal
Os moinhos de roda horizontal, chamados de rodízio, compreende um edifício normalmente de pequena dimensão, não ultrapassando 5 x 7 metros, é constituído por paredes muito resistentes em alvenaria de xisto ou granito, conforme a natureza geológica do local e com cobertura de duas águas geralmente em lajetas de lousa ou telha romana.
Localizando-se nas margens ou proximidade das linhas de água de forte caudal, onde é possível criar um açude, que alimenta uma levada de água que faz accionar o engenho motor, o rodízio, que é uma roda horizontal (cabaço) com cerca de dois metros de diâmetro, que tem inserida uma numerosa série (geralmente vinte) de palas côncavas (penas) centrada num eixo vertical.
Não vão muitos anos que se viam ainda em Trás-os-Montes bastantes moinhos em plena actividade.
A maioria deles eram designados “Moinhos do Povo” e pertenciam à população de cada uma das aldeias, sendo geridos e mantidos pela comunidade local e utilizados à vez de acordo com o regulamento aprovado pelo Concelho do Povo.