Caminho de Santiago – Os promotores da peregrinação a cavalo pelo Caminho da Geira e dos Arrieiros, que no sábado, dia 27, terminou na Catedral de Santiago de Compostela, defendem que a homologação pelas autoridades galegas e portuguesas deste itinerário jacobeu contribuirá para travar a desertificação do interior das regiões por onde passa.
“A homologação levaria à criação de novos negócios e à fixação de pessoas, à repovoação do meio rural ou, pelo menos, a que não continue o abandono, evitando-se que as aldeias caiam no esquecimento”, explica Vicente Pereiras Marquez, da Associação Rapa das Bestas de Sabucedo (Galiza), a principal impulsionadora da iniciativa.
Convém usar GPS
Segundo o responsável, que até agora percorreu 11 caminhos de Santiago, “quase vêm as lágrimas aos olhos das pessoas idosas ao constatarem como é bonito haver de novo gente a passar por aldeias onde já só vai o padeiro ou o peixeiro. É uma alegria verem alguém de fora com quem possam trocar uma palavra”.
Por isso, “a homologação é muito necessária para dar vida às regiões despovoadas ou abandonadas de Portugal e Espanha”, devendo no imediato proceder-se “à manutenção e recolocação de sinalização, e à limpeza do traçado nalguns pontos”. Enquanto isso não acontece, é aconselhável o uso de GPS e um contacto prévio com as associações no terreno por parte dos peregrinos deste itinerário, que começa na Catedral de Braga.
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Aquelas dificuldades constituíram os aspetos menos positivos da jornada, como refere Vicente Pereiras Marquez, que dirigiu a peregrinação. Como pontos positivos apontou o facto do Caminho da Geira e dos Arrieiros ser “muito bonito, embora também muito duro”. “O melhor que levamos desta peregrinação é, sem duvida, as paisagens.
É uma satisfação enorme por completarmos um desafio pelo qual passavam os nossos antepassados durante muitas centenas de anos”, adianta, destacando ainda “a harmonia, o companheirismo, a passagem por sítios onde alguns nunca tinham estado e a coroação do Caminho que é a entrada em Compostela e ver a Catedral”.
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A peregrinação começou no domingo, dia 21, em Portela do Homem, com a participação de 15 cavalos e igual número de “cavaleiros experientes”, pois o traçado “não é aconselhável a iniciados”. No concelho de A Estrada (Galiza), juntaram-se-lhes outros cinco cavaleiros e o grupo chegou ao princípio da manhã deste sábado, dia 27. Entre o grupo inicial havia dois jovens, de 13 e 15 anos, e três mulheres; todos provenientes das comunidades autónomas da Galiza, Valência (Castellón) e de Castela e Leão (Burgos).
Em 2017, a Associação Rapa das Bestas de Sabucedo organizou a primeira peregrinação a cavalo que percorreu, embora parcialmente, o Caminho da Geira e dos Arrieiros, com a participação de oito cavalos e cavaleiros. “Hoje o caminho é mais conhecido, as pessoas colaboram mais com locais para deixar os cavalos, oferecendo água, alimentos e outras ajudas”, salienta Vicente Pereiras Marquez, agradecendo “o apoio fundamental ao projeto, pela segunda vez, das autoridades locais do Concelho de A Estrada”.
Reconhecido pela Igreja em 2019
O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019, reconhecido pela associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico em 2020 e é um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.
Este percurso de 240 quilómetros destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira Romana, a via do género mais bem conservada do mundo, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.
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